23/02/2009

Texto publicado na Cabra

Na passada terça-feira, dia 17 de Fevereiro, foi publicado o jornal A Cabra com um artigo de opinião enviado pela Real República do Bota-Abaixo acerca de uma publicação levada a cabo pela Direcção-Geral da Associação Académica de Coimbra chamada "Actua Academia", em que se descrevem as diferentes Repúblicas desta cidade.
Nesse artigo figuram algumas (não muito agradáveis) críticas a essa publicação, assim como um pequeno texto descritivo da casa que rectificasse os muitos erros que lá figuravam.

Segue ele então, na íntegra:

"

Actua, Bota-Abaixo!

No seguimento da publicação do “Actua Academia” pela anterior DG/AAC, a Real República do Bota-Abaixo entendeu manifestar-se publicamente em reacção à atitude, profissionalismo, dedicação e boa fé com que se elaborou o mesmo, apresentando-se, tanto em forma como em conteúdo (no nosso entender), vago, mal construído, enganador, ignorante às verdadeiras dinâmicas daquilo que são as vivências em República, numa palavra, medíocre.

Tanto no processo de desinformação sistemática com que os dados foram adquiridos como na forma enganosa e kafkiana como, quer o acordo, quer a publicação do “texto”, foram processados, os responsáveis do “Actua Academia” mostraram nada menos do que total incompetência, falta de tacto ou experiência ao nível mais baixo das relações institucionais. Desde entrevistas telefónicas duvidosas a afirmações inventadas ou recolhidas de fontes paranormais, a tudo parecem ter recorrido, excepto ao contacto directo, pessoal e profissional.

Assim, e em rescaldo do recente pedido de desculpas levado a cabo pela actual DG, o Bota-Abaixo, num gesto magnânimo de um altruísmo sem precedentes, aprovisiona aos menos informados uma visão mais profícua daquilo que entendemos ser a realidade dentro dos nossos Reais paços:

A Real República do Bota-Abaixo foi fundada aquando da destruição da velha Alta na década de 40. O Bota-Abaixo esteve instalado na zona a destruir, na rua do Borralho, sendo depois transferida para a sua actual morada, na rua de S. Salvador.

Durante o movimento académico de 69/70, no decurso da “Crise”, o Bota-Abaixo esteve, como a maioria das repúblicas, envolvida no processo de contestação ao regime, tendo um dos repúblicos, Horácio Duarte de Campos, sido preso por ser um dos signatários do decretus de Luto Académico e Abolição da Praxe, em 1969.

Em 1988, foi criada a Associação Real República do Bota-Abaixo, constituída por antigos e actuais repúblicos. Graças ao esforço de várias gerações esta conseguiu, em 2002, comprar finalmente o edifício onde se situa a República.

Actualmente, a República do Bota-Abaixo, com todo o espírito que a rodeia, continua bem viva, e é habitada por uma geração de repúblicos que tenta manter este espírito. Todos os cargos hierárquicos praxisticos foram abolidos, e o único “cargo” que se mantém é o de Xerife, exercido por todos os actuais repúblicos em rotatividade mensal.

A Casa, enquanto República, mantém um papel activo na vida social coimbrã. Exemplo disso são a cooperação – frisa-se, cooperação, já que foi uma deliberação do Conselho de Repúblicas – nos Respúblicas, a realização de ciclos de cinema e workshops, bem como outros eventos de cariz cultural abertos a toda a comunidade.

Em relação à praxe, a República optou por não ter uma posição barricada no extremismo anti/pró-praxe. Assim,“…consideramos excessiva e evitável a acoplagem acrítica que se faz entre a vida universitária e os fenómenos praxísticos” (Manual do Caloiro de 2001).

Terminamos dizendo que a Real República do Bota-Abaixo tem as suas portas abertas a todos os estudantes e assumimo-nos como uma alternativa de socialização, onde não há espaço para hierarquias e humilhações, onde se convive de forma comunitária, se partilham experiências e saberes entre repúblicos e comensais, que vêm de vários sítios do país e do mundo e que estudam nos mais variados cursos do Ensino Superior. Achamos positiva qualquer aproximação por parte da AAC às Repúblicas, desde que de um modo construtivo, dinâmico, informativo e responsável.

"


Sem comentários: